sábado, 27 de novembro de 2010







..."A esta outra figuração do artista não será estranha a mudança verificada na sua circunstância vital com a aproximação à natureza e o abandono da cidade, Gerês e Porto respectivamente, com o que a cidade representa de estímulos que são outros tantos artefactos."...
..."A visão da natureza, as grandes visões da natureza, nunca deixam de estar imbuídas de um sentimento telúrico, nem de um espírito mais ou menos imbuído de valores panteístas. Domingos Pinho não é excepção. A natureza nele é uma grande unidade.Por outro lado e como acontecia com as outras formulações em que soube concretizar o seu trabalho, o pintor mostra-se um profundo conhecedor dos segredos do ofício, bem como um profundo conhecedor de certas propostas estéticas recentes com que soube sintonizar e, não se esqueça, pessoalizar."
..."Realmente a visão da natureza de Domingos Pinho não é uma visão bucólica, mas uma visão toda ela marcada por um pathos sombrio. Este carácter sombrio constata-se no cromatismo adoptado e igualmente na índole dos efeitos lumínicos transmitidos à sua pintura.Pathos assinalado também através das características das linhas e das manchas e, ainda, nos índices matéricos que mostra.. Mas este espírito sombrio que ressalta dos trabalhos não parece traduzir um receio ante a natureza mas sim um sentimento de enigma ante uma grandeza cósmica que nunca deixa de sugerir a sua grandiosidade e a sua majestade."...

Joaquim Matos Chaves - 1990

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